quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Meu Pai


Para os teus olhos olhava
E nada me faltava
O telefone tocava
E tudo se transformava...
Tanto te amei, tanto te olhei e beijei
Para ti vivi e sonhei!
Eras único, sincero, meigo e tão compreensivo
Olhar o teu rosto, segurar a tua mão, nada mais era preciso
Tanta neve atravessei
Para a noite ver teu sorriso
Tudo valia a pena, por ti meu pai
Olhar para ti, é tudo o que desejo
Mas um dia partiste!!
Nunca mais te olhei, toquei, nem beijei
Nunca mais sonhei, nunca mais amei
Tudo perdi, tudo odiei!!
Quero somente dizer-te
Que sem ti Pai, não viverei...
Noémia Chumbo

O monstro

Arrastava-se ao longe na escuridão
Um manto negro cobria-lhe a face
Tudo à sua volta era enevoado
O chão esfumecia conforme o pisava
Uma fenda à sua volta ficava
Onde iria?
Quem seria?
O que queria?
Apenas um monstro!!
Que não tinha direito à vida
No que tocava tudo destruia
Para onde olhava tudo desvanecia
Tudo o que queria desaparecia
Monstro do mundo
Monstro do nada
Não tinha ninguém, não tinha nada
Apenas do mundo, a morte esperava
Noémia Chumbo

Revolta


Nasci em berço de ouro

Tudo recebi de quem tanto me amava

Tanto amor e compreensão, tudo me dava

Tudo era menos do que desejava

Queria o Mundo

Queria o poder

Queria ser a MelhorPara quê?

Só sentia revolta, só sentia amargura

De tudo então, nada valeu...

Apenas ficou uma Mulher

Que nunca usou a palavra ternura


Noémia Chumbo

Amar de Verdade


Disseste que te desprezei
Só porque contigo “Amar” não usei
Não vou o amor banalizar
Só para te agradar

Por ti não seria capaz de chorar
O meu coração apertar
A morte desejar
Pois não sou capaz de te amar

Já chorei
Chorei tanto que quase sufoquei
Já lutei
Por um amor que nunca alcancei

De longe já observei
Mas não falei
Já ganhei coragem
E soltei de mim o lado mais selvagem

Por saber que amava
Que desejava
Que a tua presença ansiava
Que a distancia desprezava

Amar…Amar é isso mesmo…
Sentir um friozinho a crescer
Como um rebento que começa a nascer
Desejar que o mundo pudesse parar
Enquanto nos estamos a beijar
Sentir que só nós existimos
E a chave do mundo possuímos
Ansiar pela tua chegada
Recordar-te quando de ti estou separada
Sentir que nada nem ninguém nos vai separar
O futuro começar a planear
E sonhar…
Imaginar…
Pelo teu regresso ansiar…
É observar-te enquanto ao meu lado estás a dormir
Saber que a teu lado nada me pode atingir
Os dedos entrelaçados
Os olhares trocados
Sentir-me a esvoaçar
Enquanto o solo estou a tocar
Puder sonhar
Quando mais acordada não posso estar
Os meus olhos brilharem
Mesmo sem os teus cruzarem
Por ti um sorriso espelhar
Mesmo quando tudo parece desmoronar

Isso sim é amar…amor de verdade…



Cathia Chumbo

Amor impossível


A noite tomou conta de mim,

E nem o luar me consegue iluminar,

Será que sou o único neste mundo,

Que sofreu a lutar?

Onde anda aquele mar,

Desejoso por me abraçar,

Com ondas de sentimentos,

Que me faça afogar.

Antes que me lançava,

Sem me questionar,

E agora com medo,

Não consigo mais nadar.

Rodeado de espinhos,

Receoso do meu redor,

Apareceu-me um anjo,

Que soprou sobre a minha dor.

Atordoado questionei-me,

Se não seria uma visão,

Pois uma flor tão linda eu via,

Mas não lhe podia dar um toque com a minha mão.

Um amor impossivel tinha encontrado,

No fundo de um Vulcão,

Onde a lava me afastava,

De ter ali uma paixão.

Fui levado para uma caminho,

Onde não podia andar,

Porque me fazes isto destino,

Se eu apenas quero amar.

Minha princesa do sonho proibido,

Que me fazes renascer,

Não quero acordar nunca mais,

Porque nos meus sonhos encontrei a razão,

Para voltar a viver.


Pedro Chumbo

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Alma rasgada



Fruto de um passado,
A minha alma foi rasgada,
Um presente não desejado,
Um futuro com nada.


Promessas que me quebraste,
Palavras falsas proferidas,
Este coração tu levaste,
Em silêncio sinto as feridas.


Livro que foste aberto,
Com páginas de ódio e de dor,
Onde se escreve o incerto,
Agora sem palavras para o amor.


Sentimento maldito,
Que com choros fiz um manto,
Por um dia te ter dito,
Que te amava tanto.



Pedro Chumbo
Imagem de João Lobo

Velhos são os trapos


Entramos num lar

Com a directora vamos falar

Que nos encaminha até vós, seres esquecidos

Olham-me de longe, meio que perdidos



Ao seu lado acabo de me sentar

De cima a baixo todos me tentam observar

Não demonstram entre eles grande confiança

Espelham olhares despidos de esperança

Anseiam por um pouco de carinho, de quem os faça sorrir

De alguém que pare para os ouvir

Pela solidão acompanhados

Pela familia nunca são visitados

Em lares despejados

Todos os sonhos são despedaçados



Tantas histórias por contar

Tanta mágoa naquele olhar

Pedem-me para voltar, e assim voltei

Porque por momentos interesse demonstrei

Contaram-me histórias da sua juventude

Onde os sonhos atingiam a plenitude

Tanto trabalharam

Pelos filhos se sacrificaram


E agora pergunto eu...Para quê?


Por vocês os vossos pais se sacrificaram

E vocês o que fizeram?

No lar os deixaram

Para não terem que se preocupar

Para a sua existência não terem que recordar

Porque agora já não vos podem ajudar

Agora só estão a estorvar


Corrijam-me se estiver errada



Não pensam na sua felicidade

Vivem à quem da realidade

Entre quatro paredes fechados

Muitos são esquecidos, maltratados


Mas vocês? Não querem saber

É melhor esquecer

Pensar que deixaram de existir

São seres humanos capazes de sentir



Por isso no dia em que os teus pais fores lá deixar

Lembra-te que um dia podes ser tu a ir para o lar

A ser esquecido

E por aqueles que mais amas és traído
Cathia Chumbo