Entramos num lar
Com a directora vamos falar
Que nos encaminha até vós, seres esquecidos
Olham-me de longe, meio que perdidos
Ao seu lado acabo de me sentar
De cima a baixo todos me tentam observar
Não demonstram entre eles grande confiança
Espelham olhares despidos de esperança
Anseiam por um pouco de carinho, de quem os faça sorrir
De alguém que pare para os ouvir
Pela solidão acompanhados
Pela familia nunca são visitados
Em lares despejados
Todos os sonhos são despedaçados
Tantas histórias por contar
Tanta mágoa naquele olhar
Pedem-me para voltar, e assim voltei
Porque por momentos interesse demonstrei
Contaram-me histórias da sua juventude
Onde os sonhos atingiam a plenitude
Tanto trabalharam
Pelos filhos se sacrificaram
E agora pergunto eu...Para quê?
Por vocês os vossos pais se sacrificaram
E vocês o que fizeram?
No lar os deixaram
Para não terem que se preocupar
Para a sua existência não terem que recordar
Porque agora já não vos podem ajudar
Agora só estão a estorvar
Corrijam-me se estiver errada
Não pensam na sua felicidade
Vivem à quem da realidade
Entre quatro paredes fechados
Muitos são esquecidos, maltratados
Mas vocês? Não querem saber
É melhor esquecer
Pensar que deixaram de existir
São seres humanos capazes de sentir
Por isso no dia em que os teus pais fores lá deixar
Lembra-te que um dia podes ser tu a ir para o lar
A ser esquecido
E por aqueles que mais amas és traído
Cathia Chumbo